Barbárie e milagre após o nascimento
Todos os dias, a agricultora Josefa André Batista, 47, costuma cuidar do gado no Distrito de São Miguel, município de Esperança, interior da Paraíba. Ontem pela manhã, resolveu colher jabuticabas quando ouviu um choro distante. Chamou a amiga, achando que se tratava de uma assombração. O choro era de recém-nascido encontrado por moradores debaixo de terra e de um monte de pedras. Ele passou mais de 10 horas enterrado e sobreviveu. O bebê nasceu por volta das 14h da segunda-feira passada e foi enterrado seis horas depois pela própria mãe, Jussara Alves dos Santos, 19, detida ontem. Ela confessou o crime e disse que foi pressionada pelo companheiro para ´dar fim à criança`.
Moradores mostram o local onde a criança foi achada sob amontoado de pedras. Foto: Juliana Santos/Esp. DB/D.A Press ´Meu Deus, quando vi não acreditei`, disse a agricultora Josefa. O estudante Lucas de Araújo, 21, ajudou a retirar de cima da criança dezenas de pedras, algumas com mais de cinco quilos. ´Eu comecei a tirar as pedras e fui vendo que era um menino. Ninguém acreditou, e algumas pessoas passaram mal. O bebê estava ensanguentado e com um machucado enorme no rosto`, contou. Imediatamente, as pessoas enrolaram a criança que chorava, mas tinha dificuldade de respirar porque estava com a boca cheia de areia e mato. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi acionada.
A criança foi encaminhada ao Hospital Municipal de Esperança, onde recebeu os primeiros socorros. Depois, foi levada ao Hospital Regional de Campina Grande, pela suspeita de que poderia estar com fraturas. De lá, seguiu para a Unidade de Terapia Intensiva do Hospital da Clipsi, onde permanece internada.
Conforme a pediatra Intensiva do HR Noadja Andrade, que atendeu a criança, o menino tem escoriações e um machucado no rosto. ´Ele tinha lesões nos joelhos e braços, como se fossem queimaduras de cigarro. Mas isso pode ter sido provocado pelas pedras`, observou. Segundo a médica, a criança chegou aos hospital com hipotermia, ou seja, temperatura abaixo do normal. Ela disse, no entanto, que o bebê não corre risco de morte.
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