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terça-feira, 30 de março de 2010

Anvisa restringe venda de emagrecedor


A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) endureceu as regras para prescrição e venda de drogas para emagrecer que contêm sibutramina. A partir de hoje, elas deixam de ser vendidas com receita branca (de controle simples) e passam a ser vendidas com receita azul (de controle especial).

Anvisa suspende comercialização de produtos com sibutramina
Emagrecedor tem relação risco-benefício positiva, diz laboratório

Assim, a sibutramina deixa de constar da lista de medicamentos de controle comum (que inclui cerca de 200 substâncias) e passa a ser classificada como droga anorexígena (que atua no sistema nervoso central), junto com outras três: dietilpropiona (anfepramona), femproporex e mazindol.

Alguns remédios que contêm sibutramina são Reductil, Plenty, Saciette, Biomag, Vazy, Slenfig, Sibutran e Sigran. A sibutramina é uma das drogas para emagrecer mais vendidas do país, principalmente depois que caiu sua patente, em 2007, quando seu consumo aumentou de dez a 20 vezes, segundo o endocrinologista Márcio Mancini, presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Síndrome Metabólica.

Segundo a endocrinologista Cláudia Cozer, diretora da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), a sibutramina atua em duas regiões do sistema nervoso: no centro do apetite e no da saciedade.

Ela age diminuindo a recaptação do neurotransmissor responsável pelo apetite e do que promove a sensação de saciedade. "É a única que atua nos dois centros ao mesmo tempo. Além de o paciente ingerir menos alimento, ele terá sensação de saciedade", explica Cozer.

A decisão, publicada hoje no "Diário Oficial da União", foi tomada pouco mais de dois meses depois de a Europa suspender a venda da substância, com base em um estudo que ligou o remédio ao maior risco cardíaco em pessoas propensas.

Outra decisão da agência é que seja ampliado o alerta de segurança sobre o risco de problemas cardíacos na bula.
Não é a primeira vez que um emagrecedor é associado a doenças cardíacas. "Na década de 90, a fenfluramina e a dexfenfluramina foram suspensas mundialmente", diz Mancini.

Receita azul
Com a nova norma, os medicamentos com sibutramina não poderão mais ser vendidos com receita branca -que era impressa pelo médico na gráfica em duas vias, sendo que uma delas era retida na farmácia.

Agora os médicos deverão usar a receita azul, que é entregue pela Vigilância Sanitária e tem numeração controlada.

"Para ter direito ao talonário azul, o médico assina um termo de responsabilidade, o que evita a venda abusiva", diz Elmo Santana, coordenador de produtos controlados da Anvisa.

Para Mancini, a decisão foi acertada. "Não havia motivos para proibir o uso da sibutramina, pois ela é uma droga bem tolerada. Agora, com a restrição, talvez ela passe a ser indicada apenas por especialistas."

O cardiologista Maurício Scavanacca, médico-assistente da Unidade Clínica de Arritmias do InCor, também considerou a decisão positiva. Ele disse que, quando bem prescrita, a sibutramina é eficiente.

"Ela é eficaz no controle da síndrome metabólica. Se o paciente for selecionado cuidadosamente, se houver uma boa análise clínica e se os riscos forem menores que o benefícios, ela pode ser útil", diz.

FERNANDA BASSETTE
da Folha de S.Paulo

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