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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Palhaços escolhidos por nós

Taciana Carvalho*


“Pior do que está não fica”, “O que é que faz um deputado federal? Na realidade eu não sei, mas vote em mim que eu te conto”. Essas são algumas das frases de Francisco Everardo Oliveira, mas conhecido como Tiririca (PR). O humorista lidera as pesquisas semanais para uma vaga de deputado federal, em São Paulo.

O candidato ao governo de São Paulo pelo PSB, Paulo Skaff, disse na exibição do guia eleitoral na televisão, que a liderança de Tiririca se deve ao fato de vivermos em uma sociedade cética, no que diz respeito a política nacional. Ainda segundo Skaff, o alto índice de aprovação que Tiririca possui representa um apelo, por parte da população, que não aguenta mais este cenário de mentiras, roubalheiras e falsas promessas.

Skaff está, sim, certo na sua afirmação, quando diz que esse é o nosso grito: votar no Tiririca significa a nossa indignação diante de tudo que temos presenciado. Votar no Tiririca é, de fato, provar que pior do que está não fica. No entanto, qual o limite entre a seriedade de um assunto como esse e a brincadeira? Se não é brincadeira, até que ponto essa situação pode chegar sem ninguém fazer nada?

Todo o meu respeito ao Tiririca que, como humorista, merece meus aplausos pela espontaneidade, facilidade de se comunicar, interagir, fazer rir. Um homem que na profissão que exerce, sem dúvida, se destaca. Mas como representante da nação, de maneira alguma, está preparado.

Como já dito anteriormente, muitos candidatos além de incompetentes e despreparados, são corruptos e indiferentes para com os interesses da população, visando apenas seus próprios interesses. Mas uma coisa é escolher um candidato e com o tempo descobrir suas peripécias, outra bem diferente é elegermos alguém que sabemos que não está, de forma alguma, preparado para exercer um cargo como o de deputado federal.

A sociedade precisa entender que a política é, ainda, uma maneira de minimizar os graves problemas do país. Se não acreditarmos mais nisso, resta pouco a se fazer. Se não acreditarmos que ainda existem pessoas que queiram participar da vida política com o intuito de fazer esta nação progredir, regrediremos rapidamente.

Ao ver candidatos como o Tiririca, já citado tantas vezes neste texto, liderando pesquisas conceituadas, me pergunto como será daqui em diante. Prefiro parar por aqui. Fazemos parte de um grande circo com palhaços escolhidos por nós. E ao escolher palhaços, nos tornamos iguais a eles.


Palhaços, como dizia o poeta Cruz e Sousa, que desengonçados, nervosos, gargalham, riem, num riso absurdo, num riso de tormenta, inflado de uma ironia e de uma dor violenta. E complemento com uma frase do escritor Barbosa: palhaços que não conseguem esconder a dor de um coração partido.

*Jornalista

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