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sábado, 29 de janeiro de 2011

Seu homem ajuda em casa?

Como fazê-lo dividir as tarefas domésticas e entender que é assunto dos dois, não só seu

De guerrilheira a presidente, passando por professoras, juízas, donas de casa, empresárias, ninguém duvida da competência feminina. As mulheres estão por todo lado, inclusive em casa com a família. E os homens? Se alguns permanecem perplexos com a perda de espaço no mundo do trabalho, muitos descobriram o prazer da paternidade participativa e estão curtindo mais seus filhos. E, claro, deixando suas esposas bem felizes.


E quando o assunto é 'afazeres domésticos'? Eis o grande calcanhar de Aquiles da emancipação feminina. Os homens aceitaram a queima do sutiã, mas não reivindicaram uma contrapartida. Estenderam um tapete vermelho à profissionalização da mulher, porém jamais almejaram dividir o 'território feminino'. Eles ainda entendem que as tarefas do lar não pertencem ao seu universo de deveres. Como fazê-los colaborar?


É fato que nós, mulheres, sentimos o peso e o cansaço de sermos múltiplas. Há anos esse assunto está em pauta e continuará em um debate sem fim. É preciso agir, agora entre quatro paredes. É urgente começarmos a delegar funções aos homens (e aos filhos também!) e entregar a eles a responsabilidades sobre suas próprias vidas. Sujou? Lava. Usou? Limpa. Amassou? Passa. Cada um por si e todos por todos.


Nossa alforria do lar depende mais de quebrarmos as correntes que nos prendem a uma herança machista do que da boa-vontade masculina. O que plantarmos hoje, nossas filhas colherão amanhã. Você concorda?
Nesse sentido, Verônica M. Pina, empresária, comenta como funciona sua relação em casa com o marido: "Marcos ajuda em algumas coisas (não em tudo). Não é fácil convencê-lo e quando acho que ele já entendeu a sua parte, passados uns dias parece que esquece. Os homens acham que as coisas da casa são um trabalho da mulher e que se fazem alguma coisa estão ajudando ela. Eu tento fazer o Marcos perceber que o trabalho da casa é dos dois, pois ambos moramos nela e temos as mesmas obrigações".


Verônica, às vezes, precisa ser mais enfática: "Quando a coisa fica difícil, ameaço dizendo que se ele não fizer a parte dele vou parar de fazer a minha e a casa vai virar uma bagunça. Se isso não for suficiente, começo a reclamar sem parar. Ele não gosta de reclamação no ouvido e por isso prefere fazer o que eu peço, senão não tem sossego. Uma coisa é certa: a mulher, em geral, acaba fazendo mais". Para a empresária, a repetição é fundamental, senão tudo cai no esquecimento: "Tem que ter persistência e muita paciência no convencimento, não é tarefa fácil", constata.

Já Ângela Marcondes Franco, funcionária pública, entende que para a casa funcionar é necessário uma união de forças onde cada um é mais forte em um ponto, com as funções divididas por aptidão: "Eu entendo como uma divisão de tarefas, por exemplo: assuntos tecnológicos ele organiza. Já eu tenho que lembrar das coisas que ele tem que providenciar em casa, do tipo separar os copos, colocar a toalha na mesa quando vem visita. Ele fica perdido. Isso me cansa um pouco, mas também tem várias coisas tecnológicas que não assimilo nunca. Acho que é uma compensação, um ajuda o outro com seu lado mais forte".


"Quando me casei com Arnaldo, o dinheiro era curto e ele não passava suas próprias camisas, nem eu. Desde o princípio disse que cada um cuidava das suas coisas. Eu não uso camisa, logo não passo camisa: simples e objetivo. A meu ver, o mais importante é deixar tudo bem claro no início. Querer mudar depois porque cansou ou não tem mais tempo ou porque a paixão louca foi embora é tarde. De qualquer forma, não dá para ter medo da relação acabar por causa disso", explica, Marlú V. Viriato, professora de Educação Física.


A escritora Maria Marín, em seu livro em espanhol "Pide más, espera más y obtendras más" (Peça mais, espere mais e obtenhas mais), demonstra que a pessoa que pede muito terá sempre alguma coisa, se não pedir nada, não terá nada. "Todos nós fazemos menos do que nos é solicitado, é humano", diz ela. Isso também se aplica à vida do casal, se a mulher faz tudo e não pede ao marido nenhuma ajuda, não terá essa ajuda. "As coisas não caem do céu, precisam ser conquistadas. É uma conquista que deve ser combinada, os homens ainda não tem em mente, de forma natural, seus deveres domésticos, infelizmente", concorda a psicóloga e terapeuta de casais do Rio de Janeiro, Patrícia Madruga.

Patrícia entende que o diálogo é a base da divisão de tarefas, não adianta ir contra a criação que o homem recebeu ou brigar sem parar. "O diálogo evita o acúmulo e a explosão num momento de tensão do casal, o que causa ressentimento e mágoa e não resolve o problema", explica.

A dica prática aconselhada pela profissional em terapia de casal é que cada um faça uma lista, rica em detalhes, das suas funções domésticas, incluindo também o trabalho fora e os filhos. Depois as listas devem ser comparadas para que as funções possam ser reorganizadas com base em uma conversa franca. Não custa tentar.

por Cláudia Levron e Ana Kessler

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