Se for exigência da empresa, candidato não pode se recusar a colocar o valor
Ao participar da seleção para um cargo de gerência em uma empresa
multinacional, a administradora Cíntia Araújo teve uma surpresa. No meio
do processo seletivo, teve que refazer o currículo para indicar o valor
do salário que pretendia receber, caso fosse admitida.
Para definir que remuneração pediria, Cíntia pesquisou os salários pagos em todo o País para o cargo ao qual estava se candidatando (gerente de sistemas). “Eu fiquei meio perdida, não sabia o que colocar, já que foi uma surpresa, no meio da seleção. Tive muito medo de pedir um valor que estivesse fora do mercado”, explica.
A administradora adotou a postura correta ao pesquisar antes de colocar o valor no currículo, segundo as dicas do consultor de Recursos Humanos Jairo Martiniano. No entanto, se a empresa não estiver disposta a arcar com o valor pedido pelo candidato, é recomendável negociar um montante aproximado para o pagamento. Cíntia argumenta que, se tive sido selecionada, poderia conversar sobre o assunto. “Às vezes, na carreira, nós temos que dar um passo atrás para dar outra à frente”, comenta. “Além disso, se eu ficasse, poderia progredir na empresa e reverter a diferença entre o salário pretendido e o recebido”, acrescenta.
Em situação nenhuma, porém, o candidato deve se recusar a informar o valor pretendido. “Não considero uma boa solução, tendo em vista que se a empresa precisa da informação, o não preenchimento pode levar à eliminação do candidato. Muitas vezes o profissional está muito cima da expectativa, inclusive a salarial, mas por ter atendido à solicitação inicial da empresa ele pode ser chamado e acaba sendo escolhido”, aconselha Jairo. “A opção de solicitar as pretensões aos candidatos ajuda a empresa no que diz respeito a examinar se a expectativa salarial deles está alinhada com sua capacidade de remunerar, tendo assim já um primeiro filtro no processo seletivo”, completa.
Contudo, há um limite para a negociação. A margem de diálogo deve situar-se entre 10% e 30% do valor proposto, para negociar diferenças entre o pretendido pelo contratado e o salário que o contratante pretende pagar. Também é importante prestar atenção aos benefícios oferecidos pela empresa, como auxílios saúde e alimentação, que, em alguns casos, podem compensar a diferença.
Outro fator que deve ser levado em conta é a remuneração do emprego anterior, além das necessidades do orçamento. “Na minha trajetória, eu nunca deixei de prestar atenção às minhas despesas, para incluí-las no meu pedido”, diz Cíntia. A pretensão salarial pode ser requisitada em qualquer cargo, mas segundo Jairo, é mais recorrente nas funções gerenciais, já que estas vagas pedem uma remuneração mais alta.
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