Andar em uma montanha-russa pode, em muitos casos, ser uma atividade arriscada. Para vários médicos, o caso
ocorrido com a adolescente Natália Silva Guimarães – que teve um
descolamento do cérebro ao andar no brinquedo Montezum, do Hopi Hari –
pode não ser tão raro quanto se imagina. Pessoas com hipertensão
arterial, problemas cardíacos e histórico de convulsões, mesmo que na
infância, não devem andar de forma alguma nesse tipo de brinquedo.
O R7 ouviu diversos especialistas, que foram unânimes
ao falar sobre os riscos desse tipo de atração. Segundo o neurologista e
neurocirurgião da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo), Mirto Nelson Prandini, o maior risco no caso de
brinquedos radicais é a chamada ‘parada brusca’.
— Imagine que o brinquedo começa o percurso lentamente e depois toma
velocidade de forma rápida. O cérebro humano suporta essa velocidade
alta, mas o perigoso é como a atração vai parar. O que ocorre é que a
pessoa está sentada na cadeira presa por uma trava de segurança e o
brinquedo tem uma parada brusca. O corpo segue seguro pela trava, mas o
cérebro continua em frente e sai do lugar, vai e volta na caixa craniana
várias vezes até voltar ao ponto certo. Isso é o perigoso de qualquer
brinquedo, não só da montanha-russa.
Diante dessa situação, cada organismo tem uma reação diferente, e alguns
podem ter seqüelas que podem aparecer até mesmo anos depois. De acordo
com os médicos, é difícil prever uma prédisposição, mas devem evitar
andar nesse tipo de brinquedo pessoas com pressão arterial elevada,
problemas cardíacos, histórico de convulsões e de formação de coágulos,
histórico de AVC (Acidente Vascular Cerebral), usuários de drogas como
cocaína e crack, alcoólatras crônicos e pessoas que não realizam
monitoramento médico periódico.
Segundo o neurologista Juan Alarcon Adorno, da Unimed Paulistana, idosos também devem evitar esse tipo de atração.
— Existem alguns fatores que devem ser considerados, como o fator idade
no idoso, por exemplo. Há uma movimentação maior da massa encefálica na
caixa craniana podendo ocorrer lesões por desaceleração, facilitando o
sangramento.
O neurologista Mirto Nelson Prandini avalia ainda como de alto risco
brinquedos que simulam queda livre, como elevadores que freiam
bruscamente quando se aproximam do chão, montanhas-russas, bungee jump, e
outras atrações que não parem gradativamente.
— A tecnologia evolui e cria cada vez mais coisas radicais, porém o
nosso corpo não evolui. Ele continua o mesmo, e tem um limite. Eu opero o
cérebro há muitos anos e vejo de perto como ele funciona. Esse tipo de
brinquedo é simplesmente desnecessário ao ser humano.
R7
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