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sábado, 3 de abril de 2010

Impávido colosso

Não perco uma coluna do Sarney na Folha de S. Paulo. Não pela qualidade jornalística ou literária dos seus textos, mas para me surpreender, me divertir e me assombrar com esse quase inverossímil personagem do Brasil moderno, que desafia a imaginação de qualquer ficcionista. Como alguém assim chegou aonde chegou? Como permanece? Que forças estranhas o movem e o protegem?


A última foi antológica. Ele se espantava com uma pesquisa que dava a internet como primeira fonte de notícias para os brasileiros, superando o rádio e a TV. "Mas no Maranhão dá TV, imbatível, 80% contra 4,3% da internet", ressalvava, não se sabe se com orgulho ou vergonha. A pesquisa nacional era preocupante: "Se o alcance da internet começa assim, o que virá depois?"


Como a família Sarney é dona da TV Mirante, que exibe a programação da TV Globo e domina a audiência no Estado, algum leitor malicioso pode ser levado a crer que, para ele, o melhor mesmo é que a televisão continue imbatível, porque a internet, como é livre, é uma ameaça ao domínio da informação. E o pior é que nunca se sabe o que virá depois.


E por que o Maranhão é o Estado mais atrasado do Brasil (também) na internet? Talvez os 40 anos de administração Sarney possam explicar. Ele diz que ela lhe dá medo:


"O volume de informação que ela nos oferece é tão grande que é impossível saber onde está a verdade", conclui, como se possível fosse encontrá-la nos seus jornais, rádios e TVs. Ah, não se fazem verdades como antigamente, deve se lamentar.


Mas o melhor é o final, quando ele diz que "os jornais morrem de duas doenças: a política e a idiossincrasia".
"Jornais políticos perdem leitores e a credibilidade; os que têm idiossincrasias com pessoas e escolhem inimigos para bajular também contraem o vírus da morte", sentencia.


A família Sarney é dona d’O Estado Maranhão, o jornal, que domina o mercado porque não faz política nem tem idiossincrasias. Tem imparcialidade e credibilidade, do contrário não receberia tantas verbas publicitárias municipais, estaduais e federais.


Que ficcionista! Que pensador! Que visão crítica! Que...


(Nelson Motta - O Estado de S.Paulo)

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