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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Relíquias de Santa Cruz, de volta

O Cine Bandeirante

Contrução do Cine Bandeirante (Família Moraes)

Não sei quando foi inaugurado. Quando comecei a me entender por gente, o "cinema de Joel" já era o point da juventude santacruzense, nos anos 70.

Antes da construção do Banco do Brasil, havia uma serraria (na esquina, em frente à Alvorada Lanches) que espalhava toros de madeira por todo o largo, que sequer era calçado. Era por onde as pessoas se distribuiam, sentavam, conversavam, no final dos anos 60.

Com a construção do Banco e o calçamento, a calçada que circunda a instituição financeira passou a ser o passeio das jovens e dos jovens, a se paquerarem. Circulavam o banco várias e várias vezes. 
Banco do Brasil ao Meio com suas "Casinhas de Pòmbos" e o Cinema por trás numa das poucas imagens onde se possa ver a frente do mesmo.

Quando "descolavam", sentavam em uns detalhes do prédio, a que chamávamos de "casinha de pombo" e era aquela maravilha, tudo ao som das músicas da época (Jovem Guarda), que tocavam nos auto-falantes do cinema, e que eram ouvidas por toda a redondeza.
Vista lateral da construção do "cinema de Joé"

Isso tudo antes de começar o filme, cuja sessão iniciava sempre às 8 horas, como era amplamente divulgado, pelas ruas da cidade, no carro de som do cinema, na voz anasalada de Palaquê.

Para mim, era um mundo mágico. Antes de entrar na sala de exibição, uma volta pelos cartazes das próximas atrações. 

Guardo na memória o tom arrastado da voz de Joel Moraes, ralhando com as crianças, que ficavam correndo no cinema. Inesquecíveis os toques gradativamente mais graves e altos, do sino, que anunciavam o início da sessão, e provocavam um verdadeiro "frisson" na procura dos lugares. 

Quando o filme era distribuído pela Condor e o pássaro aparecia no pico de uma montanha dos Andes, toda a platéia começava a gritar "Xô, xô!", até que o pássaro voava e se transformava na palavra "apresenta". 

Fui muitas vezes, levado por meu pai, ao cinema, onde ele sempre comprava balas de amendoim e mel de abelha - até hoje, quando chupo uma dessas balas, é como se estivesse no cine Bandeirante.

Na segunda-feira, a sessão era dupla. O primeiro filme era inédito, e o segundo era o filme do domingo.

O tempo foi passando, a cidade mudando, o cinema acabou fechando as portas, e o prédio transformado em hospedaria (na qual, inclusive, morei alguns meses, quando voltei a Santa Cruz, como professor, na década de 80) e retalhado em várias lojas. 

Inauguração do "Cine Bandeirante"

Hoje, se não me falha a memória, funciona um supermercado, onde, trinta anos atrás, era um delicioso ponto de encontro da juventude santacruzense...

Por: Edson Tavares
Fotos/ Arq.: Arnaldo Vitorino

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