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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Governantes “maquiaram” problemas nas sedes da Copa de 2014, diz Romário

Segundo o campeão do Mundial de 94, o legado da edição brasileira do maior evento do futebol será muito aquém do esperado para um país-sede da Copa

Com a visita à capital paulista no último dia 7, o deputado federal Romário (PSB-RJ) concluiu as vistorias do Fórum Legislativo das Cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. Depois de visitar as 12 capitais, a avaliação final do ex-jogador é que os atrasos na construção das arenas são entraves menores, se comparados aos problemas que os torcedores enfrentarão em 2014 nos aeroportos e nas obras de mobilidade urbana. Nestes dois últimos casos, a maioria das obras ainda não foram iniciadas. Os membros da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados (CTD) prometem entregar o relatório das visitas técnicas nos próximos dias.

Em oito meses, os parlamentares puderam conhecer, in loco, como todas as sedes têm se preparado para o Mundial (Fortaleza, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Natal, Salvador, Cuiabá, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Manaus e Brasília). Em cada cidade, os governos locais apresentaram os projetos, custo e cronograma de execução das obras. Para Romário, no entanto, as apresentações não passaram de ficção. “Depois da quarta visita, me acostumei a entender que iríamos ver um filme bem diferente da realidade”, declarou. O ex-jogador acredita que os governos “mascaravam” os problemas quando a comitiva estava nas cidades.

Antes crítico ferrenho dos atrasos na construção dos estádios, Romário hoje considera este como o menor dos problemas dos organizadores, mas alerta, sem apontar quais, que somente dez das 12 arenas estarão prontas a tempo para o campeonato. O Baixinho concentra agora a pontaria para o excesso de gastos, para a ausência de preocupação com o legado social e para os problemas de acessibilidade. “Não existe, por parte dos governos, nenhuma preocupação com o legado de educação, de saúde, das pessoas com deficiência e de mobilidade urbana. Isso é uma realidade muito triste”, lamentou.

Mobilidade urbana

Quanto aos problemas de mobilidade urbana, Romário destaca como exemplo a maior cidade da América Latina. Segundo ele, São Paulo tem o desafio de resolver os problemas das malhas viárias da cidade porque já não comportam o fluxo diário de carros, e as alternativas apresentadas para a Copa são incipientes.

Isso porque, trem e metrô são apontados como os principais veículos de acesso à arena. “Estamos falando de uma Copa do Mundo e não de um Campeonato Paulista, não de um Campeonato Brasileiro. Em média, 60% das pessoas que participam de uma Copa são estrangeiros e a maioria delas não usarão nem trem, nem metrô. Os turistas que tiverem que pegar táxi e ônibus executivo e não saírem com muita antecedência terão dificuldades para chegar à arena”, avalia.

Na terça-feira (8) da semana passada, em audiência pública na Câmara dos Deputados, o secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jéromê Valcke, chegou a dizer que era um “pesadelo” viajar na capital paulista. “Saímos do aeroporto às 8 horas e chegamos ao destino só ao meio-dia. Não pode ser assim”, reclamou.

Relatório – O II Fórum Legislativo das Cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 concluirá nos próximos dias o relatório com uma análise geral do que tem sido feito em relação à mobilidade urbana, estádios e aeroportos. Será anexado ainda um relato sobre cada cidade específica. O documento será entregue aos ministros do Turismo e do Esporte.

Letícia Alcântara/ Repórter

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