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sábado, 2 de outubro de 2010

Improvisado como vice de Serra, Indio da Costa se transforma em franco-atirador

O deputado federal Antônio Pedro de Siqueira Indio da Costa (DEM-RJ), 39, era um enigma ao ser escolhido como vice do tucano José Serra e termina a campanha avaliado como "subaproveitado" pelo DEM e como "inábil" por lideranças tucanas.


Admirador da obra de Sun Tzu (544- 496 a.C), Indio fez o prefácio de livro do historiador Carlos Lima Silva que comenta as estratégias do general chinês, autor da máxima segundo a qual a "arte da guerra é o engano".

"A leitura dessas obras mestras nos prende a atenção porque nos aproximam da compreensão do maior dos enigmas: nós mesmos", escreveu Indio.

Indio da Costa causou polêmica ao relacionar PT com as FARC
Indio da Costa causou polêmica ao relacionar PT com
as FARC
Em três meses de campanha, o vice de Serra levou para a disputa os conselhos de Sun Tzu: "Golpear o inimigo quando está desordenado. Preparar-se contra ele quando está seguro em todas partes. Se teu oponente tem um temperamento colérico, tente irritá-lo".

Indio esteve em sete Estados em três meses de campanha. "O PT está fazendo uma barbárie. Nunca vi tanto uso da máquina pública quanto nesta campanha. Quanto gastou em viagens do presidente e dos ministros para cumprir agendas inexistentes? É o projeto de construção do totalitarismo", disse à Folha, ontem por telefone.

Ele nega o rótulo de polêmico. "O que fiz foi falar a verdade e com clareza quando confrontado com opiniões diversas da minha."

Cita que suas declarações fizeram o PT se reposicionar: "Uma hora eles são a favor do aborto, outra hora contra. Eles se dizem a favor da liberdade de imprensa, mas no fundo querem censurar a imprensa".

O candidato a vice acredita que ajudou a contornar pendências regionais entre PSDB e DEM e não acha que foi pouco utilizado na campanha, em especial na televisão. "Você viu o Temer (vice de Dilma) na TV? Vice é vice. O candidato é o Serra."

Indio estreou chamando a petista Dilma Rousseff de "ateia" e "esfinge do pau oco", quando a candidata declarou que seu vice não caíra do céu. O demista foi escolhido após Serra --que havia anunciado o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) como vice-- ser acuado pelo DEM.

FICHA LIMPA
O marqueteiro Luiz Gonzalez sugeriu Indio ao tucano por haver sido relator do projeto Ficha Limpa e por ser telegênico. "Ele me disse por telefone: 'Não tenho amantes'. Até disse: 'Também não precisa exagerar'. O que tem que ser é uma coisa discreta", comentou Serra sobre o parceiro, divorciado, pai de uma menina.

Padrinho de Indio na política, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia, candidato ao Senado pelo DEM, atribui a responsabilidade pela escolha a Serra e a Gonzalez.

"Indio tem uma capacidade de vocalização extraordinária. Você entrega um tema para ele e ele vocaliza muito bem. Ele se convence daquilo, é assertivo", diz Maia.

"Na hora em que foi escolhido, eu disse: lista uns 15 municípios para ele visitar por dia. Dá um carro e um helicóptero e deixe-o ir à rua. É bonitão, tem postura. Foi usado aquém do que poderia ter sido usado", reclama.

Com 15 dias de campanha, o deputado federal afirmou que 'todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior". A declaração levou lideranças tucanas a chamá-lo internamente de "inábil" e a reduzirem suas aparições públicas.

O marketing tucano procura associar Indio sempre ao Ficha Limpa. A maior contribuição dele foi alterar o projeto original que impedia a candidatura de quem fosse condenado em primeira instância, por um único juiz. Introduziu a expressão órgão judicial colegiado.

Mas projeto também causou constrangimento ao candidato a vice. Foi cumprimentado por um radialista paraibano, que citou como exemplo o questionamento da candidatura do tucano Cássio Cunha Lima ao Senado graças ao Ficha Limpa.

"Ele é vítima de um excesso. Cássio esteve presente em um evento de entrega da garantia da assistência social. Nada demais. O que estão fazendo com Cássio é uma violência", declarou.

Formado em direito, ex-administrador do parque do Flamengo, na zona sul do Rio, duas vezes vereador, Indio vem de família abastada _o pai (Luiz Eduardo) é dono de um importante escritório de arquitetura no Rio e o primo (Luís Octavio) é dono do banco Cruzeiro do Sul.

Declarou patrimônio de R$ 1,5 milhão ao TRE, incluindo um ultraleve (avaliado em R$ 171 mil) e um barco (R$ 207 mil).

Indio levantou a possibilidade de que o presidente Lula estivesse bêbado quando disse que o DEM era um partido que deveria ser "extirpado" da política brasileira. "Depois do almoço, Lula falou aquele bando de besteiras. Não sei se ingeriu bebida alcoólica ou não."

O candidato a vice evita comentar o futuro, como a possibilidade de ser candidato a prefeito do Rio em 2012, caso saia derrotado amanhã. "Vai haver segundo turno."

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