Você tem algum produto da Louis Vuitton, Hermès ou Giorgio Armani no seu closet? Costuma passear em sua lancha ou iate no verão? Alguma Ferrari ou Mercedes está estacionada na sua garagem? Caso suas respostas tenham sido sim para as perguntas anteriores, parabéns! Você faz parte do seleto grupo dos consumidores de luxo brasileiros. Sua posição, porém, não é tão exclusiva, uma vez que esse mercado está crescendo cerca de 20% por ano no país e deve faturar mais de U$ 8 bi em 2011.
E se engana quem pensa que essa realidade ainda está longe de chegar no Recife. De acordo com Carlos Ferreirinha, presidente da MCF Consultoria - empresa que há cinco anos realiza pesquisas sobre o mercado nacional -, a capital pernambucana é o alvo do mercado de luxo no Norte e Nordeste. “Recife só perde para o eixo sul-sudeste do país, e mesmo assim ainda fica à frente de cidades importantes como Belo Horizonte e Ribeirão Preto. Os executivos de empresas do mercado de luxo nacional e internacional já penetraram no Brasil e agora estão na fase de buscar novos públicos para expandir os negócios.”
Para ele, Recife se destaca dentro como mercado potencial por causa de sua força cultural. “É um estado autoral, que tem uma costa belíssima, que incentiva o lazer.” José Pinteiro, proprietário da Ecomariner, empresa pernambucana que fabrica barcos, iates e lanchas, concorda com Ferreirinha. “Em 2010, vendemos cerca de 130 barcos em todo o país. É um crescimento de 20% em relação a 2009. E, neste ano, estamos esperando chegar a 150 embarcações”, afirmou. Pinteiro credita o aumento de vendas desse tipo de produto ao desenvolvimento de Suape. “Estamos recebendo muitos executivos de outros estados. O cara que está lá em São Paulo precisa se deslocar até cem quilômetros para passear de lancha, aí ele chega aqui e o mar está na cara dele. Lógico que ele vai querer aproveitar isso.”
Outra que está aproveitando a conjuntura positiva para se expandir no estado é a Top Internacional. “Pernambuco é nosso principal mercado, em 2010 tivemos um crescimento de 15% no estado e neste ano pretendemos crescer 20%”, destacou Lina Gonzalez, gerente de produtos da marca. Ela disse ainda que aqui os produtos mais comprados são os cosméticos das marcas Sisley, Dior, Lancôme, Shiseido e os perfumes Cartier, Ulric de Varens, Bogart, Paco Rabanne e R. Lauren.
A explicação para esse potencial de consumo é controversa. “As empresas de luxo estão com os olhos voltados ao mercado brasileiro. E a população está cada vez mais optando por itens diferenciados e exclusivos. Quando a classe média aumenta, as classes mais altas buscam reforçar sua posição de destaque e consomem mais luxo”, disse Ferreirinha.
Tatiane Menezes, professora de economia da UFPE, discorda. “O aumento deste mercado não é um sintoma apenas da vontade de diferenciação da elite. A lógica não é essa. A questão aqui é que, como estamos com novas oportunidades, a classe alta está ficando cada vez mais rica. E com mais investimentos, acabam aumentando as oportunidades da classe média também. A cadeia começa na elite, não o contrário.”
Qualidade
Para o empresário João Marinho, imagem fiel do consumidor alvo desse mercado, o luxo se resume a viver bem. Na hora da entrevista, ele explicou sua filosofia: “Hoje, por exemplo, me programei para não ir ao escritório. Queria relaxar. Acordei um pouco mais tarde, li o jornal com calma e agora estou na minha piscina. Mas não estou pensando em luxo quando faço isso. Estou priorizando a qualidade de vida”, ressaltou. Ele acredita que Recife já é a capital do luxo no Nordeste e garante que nunca precisou se deslocar para comprar algum item fora do estado. E no quesito obras de arte, ele é categórico. “Tenho uma coleção de esculturas e quadros de artistas pernambucanos. Só de Marcelo Silveira, tenho mais de 50 obras.”
Por Thatiana Pimentel
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