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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Não há desculpas


Taciana Carvalho*


Ana Larissa Reis Torres. 18 anos. Nascida num bairro pobre, em Petrolina. Aluna da rede pública. Para muitos, uma menina com pouca perspectiva de vida. Dentro de si, a vontade de vencer. Decidida, transformou os obstáculos num exemplo raro de se ver. Ana Larissa passou em Medicina, Direito, Psicologia e História, em quatro disputadas Universidades do País. Um incentivo para os que tentam, dia a dia, melhorar de vida através dos estudos. Uma vergonha para os que sempre tem desculpa para tudo.


Como não podia fugir à regra, escutei muita gente dizendo que Ana Larissa somente conseguiu passar porque é indígena e, portanto, tem direito a concorrer ás vagas reservadas pelo sistema de cotas. Impressiona-me como as pessoas ainda têm argumentos contra um exemplo digno de aplausos como esse. Impressiona-me como tanta gente deixa de lado os seus próprios sonhos para tentar destruir o sonho dos outros e, neste caso, tentam manchar a trajetória de uma menina. Uma trajetória que, sem dúvida, foi percorrida com muitas dificuldades até ser atingido.


Mesmo que Ana Larissa tivesse passado apenas porque atingiu a nota necessária no sistema de cotas, ainda assim, era uma vitória merecedora, pois o que vejo, desde que me entendo por gente, são escolas públicas depredadas, de péssima qualidade, faltando quase tudo, até mesmo professores. Uma vitória para poucos num país que, a maioria, tem desculpas para tudo. Desculpas por falta de coragem, desculpas porque não conseguiu, desculpas porque foi culpa do outro, desculpas porque não teve oportunidade, desculpas para não tentar.


Ana Larissa não teve oportunidade. Tampouco criou desculpas para não conseguir. Criou a sua oportunidade, mesmo com todas as “desculpas” que ela, especificamente, poderia ter criado. Agora pode comemorar: primeiro lugar em Medicina na Univasf, primeiro lugar em Direito na Uneb, segundo lugar em História e também uma boa colocação em Psicologia. Ana Larissa não passou por causa das cotas, passou por mérito. Um exemplo de que não há desculpas quando se tem determinação.


*Jornalista

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