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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Vovós usam a internet para combater solidão no Japão

Há 15 anos, uma sensação de isolamento cada vez maior causada pelo envelhecimento levou Kayoko Okawa, então com 66 anos, a procurar um centro local de voluntários e perguntar timidamente se alguém da idade dela poderia criar uma comunidade on-line para idosos.

A enérgica Okawa, agora com 81, hoje é presidente do Grupo das Vovós de Computador e diz que usar a internet pode aliviar a solidão do crescente número de idosos que vivem sozinhos no Japão e, mais importante, evitar uma morte solitária --o que muitas vezes passa despercebido por longos dias.

"Gosto de me lembrar da época em que escrevia cartas e enviava desenhos e fotos", diz Okawa. "Era o toque pessoal que importava."

Rejeitada 15 anos atrás por muitos grupos, com comentários do tipo "não há como uma vovó como você fazer uma coisa assim", as perguntas hesitantes de Okawa terminaram por ser respondidas com entusiasmo amistoso e conselhos por dois jovens, que imediatamente se ofereceram para ajudar a montar a rede e imprimir cartões de visita para a fundadora.

Defendendo um maior uso da tecnologia da informação pelos idosos, as Vovós de Computador, que agora são mais de 250 mulheres --e homens-- em todo o Japão, promovem duas aulas mensais para ensinar os idosos a usar a internet. Também operam uma lista de discussões que se tornou uma movimentada comunidade on-line.

"Suponho que a expansão aconteceu porque todo mundo se sentia solitário. É um momento da vida em que todos, homens e mulheres, se sentem um pouco sozinhos", disse Okawa.

"Falamos sobre a 'sociedade em envelhecimento' e sobre a 'necessidade de apoio psicológico' e coisas assim... mas a verdade é que todo mundo se sente um pouco sozinho", acrescenta.

Quando Okawa começou sua jornada, os computadores pessoais ainda eram bem caros, com preços de mais de ¥ 600 mil (atualmente equivalente a cerca de R$ 12.550), bem além do alcance dos aposentados.

Ela e um grupo de voluntários solicitaram doações de computadores usados a empresas e conseguiram o que precisavam em uma visita à subsidiária japonesa da Microsoft.

"Entrar no depósito deles foi como entrar em uma caverna do tesouro", disse Okawa.

DA REUTERS, EM TÓQUIO

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