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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Por que até mesmo os seguidores mais disciplinados de dietas falham

NYT

Se você vem tentando por anos perder quilos indesejados e mantê-los longe, metas surreais podem ser a razão pela qual você falhou. Descobriu-se que uma regra para perda de peso adotada há muito tempo – reduzir 3.500 calorias (ou queimar 3.500 a mais) para perder meio quilograma de gordura corporal – está incorreta e pode definitivamente condenar seguidores de dieta determinados.

Essa é a conclusão alcançada pelo Dr. Kevin D. Hall e seus colegas no Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Nefrológicas dos Estados Unidos. Recentemente eles criaram um modelo mais realista de como o corpo reage a mudanças no consumo e no gasto de calorias, baseando seus cálculos em como pessoas com pesos diferentes reagiram a uma mudança calórica em uma configuração controlada, como uma unidade metabólica.

Seu trabalho, discorrido em um novo estudo publicado em The Lancet, explica como o peso corporal pode aumentar lentamente, mesmo quando as pessoas não mudam seus hábitos de alimentação e exercícios.

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Sua pesquisa também ajuda a explicar por que algumas pessoas conseguem perder peso mais rápido que outras, mesmo quando todos estão comendo os mesmo alimentos e fazendo os mesmos exercícios, e por que alcançar uma perda de peso permanente é tão desafiador para tantas pessoas.

O modelo mostra que uma perda de peso duradoura leva bastante tempo para ser alcançada e sugere que programas de perda de peso mais eficazes podem ser conduzidos em duas fases: uma mudança de comportamento temporária, mais agressiva no começo, seguida de uma fase de mudança de comportamento mais relaxada, porém permanente, que pode prevenir a recuperação de peso que aflige tantos seguidores de dieta, apesar de suas boas intenções.

Derrubando uma antiga regra De acordo com os pesquisadores, é fácil ganhar peso involuntariamente a partir de um pequeno desequilíbrio o número de calorias consumidas em relação às calorias gastas. Apenas 10 calorias a mais por dia é o necessário para aumentar o peso do corpo de uma pessoa normal em 9 quilos após 30 anos, escreveram os autores. Além disso, o mesmo aumento em calorias resultará em mais quilogramas adquiridos por uma pessoa gorda do que em uma pessoa magra – e uma proporção maior do peso adquirido pela pessoa gorda será de gordura corporal. Isto acontece porque tecidos magros (músculos, ossos e órgãos) gastam mais calorias que o mesmo peso de gordura.

Em uma entrevista, Hall disse que a antiga crença de que cortar 3.500 calorias incorrerá indefinidamente na perda de meio quilo é imprecisa e pode provocar resultados desanimadores tanto para seguidores de dieta, quanto para mudanças de políticas como o imposto proposto para bebidas adoçadas.

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Se a regra de 3.500 calorias se aplicasse consistentemente na vida real, resultaria no dobro da perda de peso que o novo modelo prevê, escreveram os autores. Isto ajuda a explicar por que até os seguidores de dieta mais diligentes normalmente não conseguem alcançar as metas de perda de peso baseadas na regra antiga.

Segundo ele, um resultado mais realista é o de que o corte de 25 calorias por dia – a quantidade de uma pequena barra de chocolate ou meia xícara de sorvete – levaria a uma perda de peso de aproximadamente 11 quilos em três anos, sendo que metade da perda ocorreria no primeiro ano.

Muitas pessoas se desanimam quando a perda de peso desacelera, mesmo se mantendo religiosamente em suas dietas, porém Hall afirmou que uma perda de peso gradual é quase sempre mais eficaz, pois permite que novos hábitos de alimentação e exercícios se tornem um estilo de vida mais duradouro.

Ainda assim, pessoas obesas teriam de cortar mais calorias para perder peso do que as necessárias para ganhar os quilos a mais. Por mais que alcançar um peso de 100 quilos possa ter sido causado pelo consumo de, digamos, 250 calorias a mais do que aquelas usadas diariamente, perder esse peso exige reduções muito maiores na ingestão calórica. De acordo com os cálculos de Hall, 220 calorias a mais por dia agora mantêm o peso extra.

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Para que a população volte ao peso corporal médio dos anos 1970, indivíduos obesos, que agora representam 14 por cento da população americana, teriam de cortar mais de 500 calorias por dia, segundo mostra o novo modelo. Hall notou que programas de perda de peso comuns resultam em perdas significativas após um período de seis a oito meses, seguidas de uma recuperação gradual do peso nos anos subsequentes. Quando a perda de peso se estabiliza aos seis ou oito meses – ''o que acontece com todas as dietas’', disse ele – muitos seguidores de dieta inconscientemente começam a comer um pouco mais.

Por mais que consumir 100 calorias a mais por dia não apareça diretamente como ganho de peso, após um certo tempo é inevitável. E acontece mais lentamente em pessoas obesas do que em pessoas magras, disse Hall, pois o corpo da pessoa obesa demanda mais calorias para manter o peso excedente.

O papel da atividade física Normalmente se diz que aumentar a atividade física de uma pessoa não tem muito, ou nenhum, efeito na perda de peso. Mas o modelo de Hall sugere o contrário.

Se um homem pesando 100 quilos corresse 20 quilômetros adicionais por semana em um ritmo moderado, ele perderia mais peso, e discretamente mais rápido, do que se cortasse a porção equivalente de calorias de sua dieta, calcularam os autores.

Entretanto, com a redução de calorias e o aumento dos exercícios, dizem os pesquisadores que se chega a um ponto em que os benefícios da perda de peso de uma dieta excedem os da atividade física, ''pois a energia gasta pela atividade física incorporada é proporcional ao peso do corpo em si’'.

Em outras palavras, pessoas mais pesadas queimam mais calorias em uma quantidade equivalente de exercícios; porém, conforme a diminuição do peso, o número de calorias gastas no exercício também cai. Os autores alertam que quando algumas pessoas aumentam seu nível de atividade física, elas compensam comendo mais. Então, desestimuladas pela falta de progresso, elas podem interromper a atividade física e ganhar ainda mais peso.

Contudo, disse Hall, a atividade física continua importante para a perda de peso e especialmente para a sua manutenção. Estudos com mais de 5 mil participantes no Registro Nacional do Controle de Peso americano mostraram que aqueles que perderam uma quantidade significativa de peso e assim o mantiveram por muitos anos dependeram basicamente de duas táticas: continuar com a atividade física e checar regularmente o peso corporal.

Alguns estudos indicaram que dietas com pouco carboidrato, que contam com porções altas de proteína e gordura, são mais eficazes para perder peso do que dietas de baixa caloria mais equilibradas. Hall disse que, apesar de dietas com pouco carboidrato terem um pouco mais de efeito na perda de peso no decorrer de seis meses a um ano, ainda precisa ser provado nesses estudos que as pessoas estão comendo realmente aquilo que dizem estar comendo e que conseguem se manter em uma dieta com pouco carboidrato indefinidamente.

Hall e seus colegas escreveram que ''todas as dietas energeticamente reduzidas têm um efeito similar na perda de peso no curto prazo’' e que ''algumas dietas podem levar a uma redução da fome, um aumento da saciedade e uma aderência geral maior à dieta, durante uma intervenção para o controle do peso’'.

Mas eles acrescentaram um embargo: pouco se sabe sobre o efeito de longo prazo das dietas que variam na sua composição de gorduras, proteínas e carboidratos, tanto na manutenção do peso, quanto na saúde.

The New York Times

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