Um dos maiores jogadores a vestir a camisa 10 da Seleção Brasileira, o ex-meia Zico, hoje técnico da seleção do Iraque, não gostou de a única chance de o Brasil atuar no Maracanã na Copa de 2014 ser na final da competição. O Galinho esteve em Brasília ontem para um evento de sua escolinha, a Zico 10, na Academia Body Tech, e falou sobre a polêmica. “Se torna uma motivação a mais para chegar à final. Mas eu acho que o Brasil merecia pelo menos fazer um jogo da primeira fase no Maracanã”, declarou.
Depois de destacar que a decisão foi feita pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira — mas sem chamá-lo pelo nome —, o Galinho lamentou o desencontro entre a Seleção e o estádio citando outros mundiais. “Todos os grandes países que organizaram a Copa do Mundo jogaram em seus estádios preferidos”, comentou, referindo-se à França, Alemanha e África do Sul.
Enquanto tenta trazer o Iraque para o país em 2014, o agora treinador não demonstrou preocupação com o atual momento do time canarinho. “Não posso fazer uma avaliação com torcedor, mas não tenho receio de falar nada. Ainda falta muito tempo para o Mundial. Como o Brasil vai utilizar muitos titulares nas Olimpíadas de Londres, eu acho que quem deveria estar atuando agora era o time olímpico”, opinou. “Quando vier a Copa das Confederações, aí sim vai ter um ano para preparar o time e enfrentar grandes adversários para trabalhar visando a Copa.”
Em relação ao elenco, Zico demonstrou confiança em Neymar, mas não quer que o craque do Santos carregue toda a responsabilidade nas costas. “Tomara que ele seja o principal nome do Brasil, futebol ele tem. Mas eu acho que não se pode jogar em cima de um jovem como ele a responsabilidade de ganhar a Copa. Seria muito bom se ele tivesse um Kaká, um Adriano ou um Ronaldinho, caras que segurassem bem a responsabilidade e o deixassem à vontade”, destacou.
Sobre a possibilidade de estar à frente de outra seleção em 2014, o Galinho manteve os pés no chão e reconheceu a dificuldade de classificar os iraquianos para o evento. “Não tem pressão nenhuma, né? Não pode ter em um lugar que não há nem campeonato. Eu não posso nem fazer uma lista de observação para convocar, só tenho 27 jogadores”, revelou o treinador, que recentemente conquistou um bom resultado nas eliminatórias asiáticas ao derrotar a China, fora de casa, por 1 x 0.
Flamenguista magoado
Após a conturbada saída do Flamengo, Zico não escondeu que ficou triste com a situação e foi enfático ao dizer que não pretende voltar ao rubro-negro para exercer qualquer função. “Ficou uma tristeza e uma decepção grande de ter confiado em pessoas que eu não deveria confiar. Sou torcedor do Flamengo, não tem nada a ver, mas não quero contato com certas pessoas que estão no Flamengo hoje”, disparou ele, que também disse não ter vontade de treinar equipes brasileiras no momento.
Fala, Zico
Zico disputou sua última Copa do Mundo em 1986. De lá para cá, diversos jogadores assumiram a mística camisa 10 da Seleção. Mas quem, na opinião do Galinho, fez jus ao número vestido por craques do passado desde então? O Galinho respondeu: “Já passaram grandes camisas 10 pela Seleção. Existem jogadores do mais alto nível que representaram bem, como o Rivaldo, o Ronaldinho e o Kaká. Acho que o Brasil teve muita gente boa na minha posição. O futebol brasileiro é farto nisso”, elogiou.
Vagner Vargas - Correio Braziliense
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