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domingo, 24 de janeiro de 2010

Depois de dez anos, as jogadas ensaiadas dos realities estão claras

ALEXANDRA MORAES
da Folha de S.Paulo


A longevidade do "Big Brother Brasil" (Globo), que chegou à décima temporada, prova que a experiência fez bem aos reality shows. Ainda mais quando confrontado com os dois concorrentes, "A Fazenda 2" (Record) e "Solitários" (SBT). O elenco e os meandros do "BBB" mostram que a repetição só beneficiou o formato.

Empresas estrangeiras lideram mercado da TV para reality shows
O programa da Globo começou separando os confinados em tipos. "Sarados", "belos", "cabeças", "coloridos" e "ligados" entregam logo de cara as compartimentações que fazem a festa de programas de humor.

Frederico Rozário/TV Globo
O participante Sérgio, gay assumido, gritou "Quem é macho aqui!" ao ganhar a liderança numa prova do "BBB10"
Sérgio ganha prova e imunidade no "Big Brother Brasil 10"

Enquanto isso, em "A Fazenda 2", fortões e gostosas se esforçam para mostrar qualidades éticas e sentimentais, sem muito sucesso.

O interno da "Fazenda" Igor Cotrim é capaz de dar um show no Réveillon para protestar contra o que julga ser desperdício de comida.

Já no "BBB", quando Sérgio, gay assumido, berra um "Quem é macho aqui!" ao ganhar a liderança ou arma um jogo de beijo com Tessália, o que se vê é que a simplificação inicial acaba, paradoxalmente, dando espaço para que nuances cresçam.

Lá pelas tantas, Pedro Bial provavelmente vai ler alguma filosofice sobre frustração de expectativas. Quem sabe o sucesso do programa tenha a ver, talvez, bem talvez, com essa equação de tipos x surpresas.

Depois de dez anos, as jogadas ensaiadas dos realities estão claras. Deixar que os participantes dominem o cenário é receita certa para o tédio. Em "Solitários", a conversa sem graça entre um suposto computador sádico e os supostos solitários soa tão forçada quanto a ideia de enjaular pessoas controladas por uma referência fraca ao HAL 9000 de "2001": VAL.

VAL determina as missões de nove infelizes que concorrem a R$ 50 mil em troca do bom desempenho em uma espécie de show de talentos que faria Aracy de Almeida corar de vergonha alheia.

A TV está aberta ao show de horror dos participantes dos reality shows. Mas não custa nada respeitar proposições universais. A começar de um dito do poeta inglês John Donne (1572-1631) --batido suficiente para que qualquer recém-saído de reality show o conheça: "Nenhum homem é uma ilha". E não vai ser a pobre VAL que vai mudar isso.


BIG BROTHER BRASIL 10
Avaliação: bom

A FAZENDA 2
Avaliação: regular

SOLITÁRIOS
Avaliação: ruim

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