Estátua da Virgem Maria em exposição inspirada em vestimentas da santa, transformada em ícone da moda no museu de tecidos em Lyon, França |
Os vinte trajes são ornados com bordados e pequenos motivos, além de laços de flores, típicos do reinado de Luís XVI. Há também vestidos desenhados pelos grandes nomes da moda. A mostra Ícones da Moda fica em cartaz até 25 de março.
Também faz parte do conjunto uma roupa criada por Jean-Charles de Castelbajac. Ele concebeu um traje ornado de paetês evocando as escamas de uma serpente, "uma inspiração tirada da iconografia da Imaculada Conceição, na qual a Virgem esmaga a serpente com os pés", explica o diretor do museu, Maximilien Durand.
O estilista Franck Sorbier confeccionou um vestido para os dias de festa com materiais dourados e prateados, em homenagem aos tecidos - de ouro ou prateados - tradicionalmente oferecidos à Nossa Senhora La Daurade.
Jean-Michel Broc, por sua vez, fez um vestido de quaresma com motivo geométrico listrado de violeta e verde. A roupa envolve a cintura da virgem com uma faixa verde.
"Quando vestimos uma estátua, transmitimos a ela uma presença extremamente forte. Os tecidos usados são muito preciosos", analisa Maximilien Durand, também curador da exposição. Ele afirma que a prática de criar figurinmos especiais para a Virgem Maria desenvolveu-se entre os séculos XIII e XV.
"A Virgem muda de roupa regularmente, em função da liturgia, como os padres: branco para as grandes festas, verde para o tempo comum, violeta para o Advento e a Quaresma, e o preto para o luto", detalha.
Essa prática é tão comum no catolicismo que a roupagem, rica de referências religiosas, torna-se um objeto de culto por si só. "O que constitui o caráter sagrado é a roupa. A estátua torna-se acessório", diz Durand.
"O preparo não diz respeito, apenas, às grandes estátuas nos santuários e às utilizadas nas procissões, mas também às veneradas nos conventos ou em capelas", acrescentou.
O curador conta a história de um desses vestidos, oferecido por Maria Antonieta para Nossa Senhora da cidade de Monflières, na Picardia, França, para agradecer o parto de sua filha mais velha. A roupa foi encomendado à costureira real, que copiou um dos próprios trajes da rainha. "É o único modelo certificado que conservamos de Maria Antonieta, uma vez que todo o seu guarda-roupa desapareceu na revolução", explica Durand.
Agência France Press
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