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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Copa de 2014 faz clubes perderem direitos sobre seus estádios

De olho no Mundial, grandes do futebol brasileiro arrumam parceiros para fazer reformas

O estádio do Corinthians está em construção para abrir a Copa de 2014

Não é só o Corinthians que vai perder direitos do próprio estádio para poder participar da Copa do Mundo de 2014. Outros três clubes também estão no mesmo barco, ou seja, vão entregar parte de suas casas para financiar reformas visando o Mundial da Fifa.

No caso do Timão, foi criado um fundo imobiliário, administrado pela empresa BRL Trust, que terá direito sobre o Fielzão. A instituição financeira assumirá o financiamento do de R$ 400 milhões do BNDES, dando garantias e funcionando como fiadora do clube, já que o banco estatal não empresta dinheiro diretamente para clubes de futebol. Uma sociedade criada pelo clube e pela Odebrecht, construtora responsável pela obra, é a maior acionista do fundo.

Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (15), o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, afirmou que a criação do fundo foi o jeito que o clube deu para viabilizar a construção do estádio, orçada em R$ 820 milhões. A prefeitura de São Paulo cedeu R$ 420 milhões em incentivos fiscais, e o resto virá do BNDES. Sanchez deixou claro que durante os próximos 10 anos parte do lucro do Fielzão será destinado para recomprá-lo dos investidores. A exploração do estádio, porém, continua nas mãos do Timão.

- Nenhum clube de futebol consegue pegar dinheiro no BNDES sem ter avais pessoais ou de uma empresa. O fundo imobiliário foi a maneira que nós achamos para resolver isso. Conforme a gente for pagando as prestações, com naming rights e arrecadação dos jogos, o Corinthians vai se apoderando das cotas. Então, em oito, sete, em nove ou no máximo em dez anos, que é a validade, 100% o Corinthians será dono do estádio.

Outra arena privada no Mundial, o estádio Beira-Rio deverá ser dividido pelo Inter nos próximos 30 anos. A melhor saída para viabilizar a reforma de adequação para a Copa do Mundo foi uma parceria com a construtora Andrade Gutierrez, que bancará os R$ 330 milhões da obra e construirá dois prédios de estacionamento ao lado do estádio e um centro de treinamento para o clube. Em troca, a empresa vai explorar por 20 anos os camarotes do estádio e os novos prédios de estacionamento.

Caso parecido com o do Palmeiras, que está reformando o Palestra Itália. A obra da Arena Palestra, que deve servir de centro de treinamento para seleções na Copa de 2014, está sendo tocada pela WTorre, que em troca poderá explorar comercialmente o estádio por 30 anos. Só depois desse prazo o clube voltará a ser o verdadeiro dono da arena.

Já no acordo do Grêmio com a construtora OAS, a empresa terá direito sobre todo o entorno do novo estádio do clube, além de ficar com 25 % do que render a arena, em acordo de co-gestão com o Tricolor gaúcho.

Para Amir Somoggi, diretor da área de consultoria esportiva da BDO Auditores Independentes e especialista em gestão e marketing de clubes de futebol, ao entregarem seus estádios para outras empresas, os clubes estão deixando de lado aquele que pode ser o grande trunfo de crescimento financeiro nos próximos anos. Ele cita o exemplo da arena do Real Madrid, o Santiago Bernabeu, como modelo para os brasileiros, inclusive o Corinthians.

- O Bernabeu é o estádio que mais fatura na Europa, mesmo com o Real Madrid não ganhando campeonatos. Eles têm o estádio lotado o ano inteiro e lucram R$ 140 milhões de euros por temporada. Hoje o Real fatura 160 milhões com televisão e quase o mesmo com o estádio. É o estádio que ajuda a contratar jogadores como Cristiano Ronaldo e os grandes ídolos. Para o Corinthians, é o ganho com o estádio que possibilitar as grandes contratações, até porque o futuro é muito promissor para os clubes do Brasil nesse setor de arenas.

Hoje vereador, Marco Aurélio Cunha era superintendente de futebol do São Paulo na época em que o Morumbi ainda era o estádio de São Paulo na Copa. Ele diz que o clube não pretendia contar com parceiros nesses moldes na reforma da arena, e questiona acordos em que os times ficam sem a exploração de parte de suas “casas”.

- O que está acontecendo é que os clubes estão sendo cessionários do próprio estádio. Eles entregam o estádio para a parceira e ela explora o estádio por 20, 30 anos, como é o caso do Palmeiras, e o clube fica sem grandes receitas mas com uma casa nova. Só precisa ver se no final do processo vai compensar para os clubes. Se a maior parte dos retornos ficar para o investidor é um mau negócio.

Gustavo Alves, do R7

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